Por que mulheres vivem mais que homens? Estudo revela papel dos cromossomos na longevidade

Por que mulheres vivem mais que homens? Estudo revela papel dos cromossomos na longevidade

Estimativas globais indicam que mulheres vivem, em média, 73,8 anos, enquanto homens alcançam 68,4 anos. A diferença, também observada em outras espécies, voltou ao centro do debate após um estudo que examinou dados de mais de mil espécies de mamíferos e aves mantidas em zoológicos. Publicado na revista Science Advances e repercutido pelo The Washington Post, o trabalho apresenta evidências de que a genética, especialmente a configuração dos cromossomos sexuais, pode ajudar a explicar por que fêmeas tendem a viver mais do que machos em grande parte dos mamíferos, incluindo humanos.

Segundo os autores, parte da vantagem feminina estaria associada ao fato de as mulheres terem dois cromossomos X, o que criaria uma espécie de redundância protetiva contra mutações prejudiciais. Essa ideia, denominada “hipótese do sexo heterogamético”, propõe que, se um gene do cromossomo X apresentar falha, exista outro X funcional disponível nas células femininas. Em homens, que possuem apenas um X, mutações deletérias teriam maior probabilidade de impactar a saúde e, por consequência, a longevidade. Nas espécies com arranjos cromossômicos análogos, padrões semelhantes foram identificados.

Longevidade e cromossomos: XX, XY e o sistema ZW nas aves

A equipe analisou 528 espécies de mamíferos e 648 de aves em cativeiro. Entre os mamíferos, a tendência espelha a humana: fêmeas vivendo mais que machos na maioria dos casos. Já nas aves, 68% das espécies avaliadas mostraram o resultado inverso, com machos superando fêmeas em tempo de vida. Os pesquisadores relacionam esse achado ao sistema sexual das aves, em que fêmeas são ZW (heterogaméticas) e machos são ZZ (homogaméticos), invertendo a lógica observada em mamíferos e reforçando o papel da configuração cromossômica na sobrevivência ao longo do tempo.

Os autores destacam que fatores comportamentais também influenciam a expectativa de vida. Em muitas espécies, machos competem com maior intensidade por parceiros, o que pode aumentar riscos e encurtar a vida em comparação às fêmeas. Mesmo assim, há exceções notáveis. Entre lêmures, a diferença entre os sexos é pequena. Em rapinantes como falcões, águias e abutres, as fêmeas costumam viver mais, contrariando o padrão predominante nas aves e sugerindo a interação entre aspectos biológicos e comportamentais específicos.

Comportamento, exceções e implicações para a saúde

Os resultados sustentam que a genética tem papel central nas diferenças de longevidade entre os sexos, sem excluir o peso do ambiente e do comportamento. Como o banco de dados contempla animais mantidos em zoológicos, os autores reconhecem que condições controladas podem atenuar ou acentuar características observadas na natureza, o que poderá ser explorado em investigações futuras. Para humanos, os achados reforçam a hipótese de que a presença de dois cromossomos X contribui para maior resiliência frente a mutações, enquanto o comportamento e o contexto social seguem como determinantes relevantes na duração da vida. Segundo o The Washington Post, a combinação desses fatores ajuda a compor um quadro mais abrangente das origens biológicas e comportamentais da longevidade.

Outras fontes

Olhar Digital