A maior ofensiva já realizada contra o crime organizado no Brasil, batizada de “Carbono Oculto”, escancarou um esquema de lavagem de dinheiro altamente sofisticado, operado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). A operação mobilizou cerca de 1.400 agentes das polícias Civil, Militar e Federal, além do Ministério Público e da Receita Federal, com foco em desarticular a engrenagem financeira que sustentava a facção.
As investigações miraram mais de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, revelando que o PCC mantinha mais de 40 fundos de investimento, com um patrimônio estimado em R$ 30 bilhões. Esses fundos eram utilizados para adquirir empresas de combustíveis, usinas, transportadoras e até um terminal portuário — movimentações que ampliavam a influência do grupo em setores estratégicos da economia formal.
Nem mesmo a Avenida Faria Lima, coração do mercado financeiro paulistano, escapou: pelo menos 42 alvos ligados ao esquema foram identificados na região.
O Papel das Fintechs no Esquema
Um dos pontos mais alarmantes revelados foi o uso de fintechs como principais canais para movimentações ilícitas. O BK Bank, fundado em 2015, apareceu como um dos envolvidos. Ao todo, mais de 40 empresas do setor financeiro estão sob investigação por suposta ligação com o PCC.
A escolha por fintechs, em vez de bancos tradicionais, não foi aleatória: a fiscalização mais flexível e a burocracia reduzida criavam brechas que dificultavam o rastreamento dos valores. Para se ter uma ideia da dimensão do esquema, uma única fintech movimentou R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024 sem levantar suspeitas.
Como Funcionava a Lavagem
O coração do esquema eram as chamadas “contas bolsão” — contas bancárias que recebiam e redistribuíam recursos de várias outras, criando um emaranhado de transações que dificultava a identificação da origem criminosa do dinheiro.
O dinheiro sujo era então reinvestido em negócios de fachada, como postos de combustíveis, que maximizavam os lucros por meio da venda de combustível adulterado e da sonegação fiscal. Assim, os recursos ilícitos voltavam ao mercado legal, alimentando novamente os fundos controlados pela facção e mantendo o ciclo criminoso ativo.
O Que Diz o BK Bank
Em nota enviada ao portal Seu Dinheiro, o BK Bank afirmou ser regulamentado e fiscalizado pelo Banco Central, além de se colocar à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.
👉 Essa operação é considerada um marco histórico no combate às finanças do crime organizado, revelando como facções criminosas se sofisticaram ao ponto de se infiltrar no coração do sistema financeiro brasileiro.
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