Presidente da Conafer é preso em flagrante por mentir à CPMI do INSS

Presidente da Conafer é preso em flagrante por mentir à CPMI do INSS

O presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso em flagrante na madrugada desta terça-feira (30), enquanto prestava depoimento à CPMI do INSS, em Brasília.

De acordo com informações do site do Senado Federal, a prisão foi determinada pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), após avaliação de que o dirigente teria mentido aos parlamentares durante a oitiva. A decisão se deu no âmbito das investigações sobre supostas irregularidades em descontos aplicados a benefícios de aposentados e pensionistas.

Segundo Viana, Lopes assumiu o compromisso de falar a verdade, mas teria ocultado informações e tentado convencer os integrantes da comissão de que as operações investigadas eram regulares. A conduta foi enquadrada pela CPMI como suspeita de falsidade ideológica.

Em seu depoimento, Lopes negou participação em fraudes e disse desconhecer detalhes das operações realizadas por pessoas e empresas ligadas à Conafer. A oitiva integra a linha de apuração que investiga entidades associativas e prestadoras de serviços responsáveis por consignações e mensalidades vinculadas a benefícios do INSS.

Conafer no centro das investigações

A Conafer é apontada como a segunda entidade associativa com maior volume de descontos incidentes sobre benefícios previdenciários. Relatórios da Polícia Federal indicam que parte dessas cobranças teria ocorrido sem autorização dos segurados, colocando a confederação no centro das diligências.

Dados das investigações revelam que, entre 2019 e 2024, os descontos atribuídos à Conafer cresceram mais de 790 vezes, somando R$ 688 milhões no período — valores agora sob análise da CPMI e das autoridades responsáveis pelos inquéritos.

Os parlamentares questionaram o dirigente sobre o processo de adesão dos filiados, a atuação de intermediários e o papel das empresas envolvidas no processamento das cobranças. Lopes, no entanto, voltou a negar irregularidades e declarou desconhecer detalhes das operações. Para a comissão, porém, houve tentativa de validar procedimentos sob suspeita, além da omissão de informações consideradas relevantes.

Prisão em sessão marcada por confrontos

A prisão em flagrante foi registrada durante sessão destinada a aprofundar a apuração sobre entidades com forte presença no sistema de consignações e mensalidades. Além de sua posição na Conafer, Lopes é de origem indígena, sócio de uma empresa de melhoramento genético de gado e proprietário de um quiosque de artesanato indígena no Aeroporto de Brasília.

A CPMI pretende agora mapear a expansão dos descontos, a rede de empresas vinculadas e a existência — ou não — de autorizações válidas dos beneficiários. O objetivo é identificar responsabilidades, buscar ressarcimentos e, se necessário, encaminhar casos para responsabilização administrativa e penal.

Outras fontes

Jovem Pan