
Pesquisadores da Universidade de Pequim (China) analisaram ondas sísmicas registradas desde os anos 1960 e, em um estudo publicado em dezembro de 2023 na revista Nature Geoscience, identificaram uma desaceleração crescente na rotação do núcleo interno da Terra. Os dados indicam que, por volta de 2009, essa rotação quase cessou — e há indícios de que, em seguida, tenha invertido o sentido.Como funciona essa oscilação
Como funciona essa oscilação
O núcleo interno gira de forma independente da superfície terrestre, impulsionado por interações eletromagnéticas com o núcleo externo líquido e influências gravitacionais do manto terrestre .
O ciclo dessa oscilação dura cerca de 70 anos, com mudança de direção a cada ~35 anos — houve retrocesso no início dos anos 1970, depois em torno de 2009–2010, e a próxima virada está prevista para meados da década de 2040 .
Impactos previstos
- Campo magnético: A inversão ou desaceleração pode causar flutuações nos registros magnéticos do planeta — um campo essencial para bloquear radiação solar e proteger satélites, bússolas e demais sistemas de navegação .
- Duração do dia: Pequenas variações na rotação interna causam alterações na duração dos dias terrestres, embora em milissegundos, imperceptíveis no dia a dia .
- Clima e tectônica: Ainda que os efeitos sejam sutis, há hipóteses de impacto em padrões climáticos e atividade tectônica, por força das interações entre camadas do planeta .
Como o estudo foi feito
Usando sismologia, os cientistas compararam terremotos ocorridos entre 1960 e 2021, especialmente ondas P que atravessam o núcleo, para inferir velocidades de rotação internas .
A diferença no atraso dessas ondas ao longo do tempo revelou a desaceleração e possível inversão de sentido de rotação.
Divergências na comunidade científica
Especialistas como Hrvoje Tkalcic (Universidade Nacional da Austrália) ressaltam que o núcleo não parou completamente, mas que agora está mais sincronizado com a crosta, e sugerem ciclos mais curtos, de 20–30 anos .
Segundo análises alternativas, o núcleo pode oscilar em ciclos mais rápidos (cerca de 6 anos), e permanece parado desde 2013, em outra interpretação .
O que sabemos até agora
A descoberta é baseada em um estudo robusto, mas ainda há debate sobre duração, amplitude e consequências dessas oscilações .
Nenhum cenário apocalíptico — o fenômeno é gradativo, com efeitos sutis e medidos com alta precisão científica, sem impacto imediato perceptível no cotidiano.